Sob o olhar de uma aprendiz peregrina Marcia de Andrade – 25/09/2018 a 06/10/2018
Sou aprendiz e sou peregrina desses mundos sagrados através da minha alma e do meu Espírito, mesmo quando meu corpo físico quer e deseja viver como turista nesses locais místicos. O turista programa a viagem e deseja usufruir do melhor que pode acontecer. Porém, cria muitas expectativas, sonha e às vezes espera demais e pode se frustrar se o planejado der errado. Com a Unipaz, aprendi viver o presente, o hoje, o agora. E aí ser peregrino faz todo o sentido você se entrega para o momento, sente os insights, relembra o que já viveu, agradece o que está vivendo no momento atual e segue em frente.
Livres das preocupações com os preparativos da viagem vem o frio e o medo de tirar o pé do chão, voar, levantar asas… sim, estamos muito presos a matéria, ao corpo físico, buscamos segurança na mãe, na pachamama e temos dificuldades de voltarmos aos braços do Pai Céu conduzidos pelo nosso espírito. O corpo dói, a cabeça lateja, o plexo solar sente um frio, náuseas, inseguranças, vertigens, medo…
Chegando em Cusco, no Peru fomos recebidos pelo nosso guia Kuichy e sua família, que nos levaram ao hotel.
Assim que adentrei a porta veio o primeiro “dejavu”: “-acho que conheço esse lugar, já vi essas paredes, já vivi nesse pátio…” minha alma se emociona e quase choro. Logo somos informados que o atual hotel já foi um mosteiro. Penso: “- está explicando!”
Na recepção do hotel, foto dos 33 peregrinos com direito a chá de coca, para não passar mal por causa da atitude.
O nosso primeiro passeio foi a Koricancha – Casa do Sol – Templo da Iluminação. Kuichy nos mostrou onde ficava o menino dourado e com seus raios emanando diretamente do seu coração iluminava o seu povo. Nosso guia nos ensinou, contando a história do que realmente aconteceu quando os espanhóis invadiram o território Inka, destruindo sua cultura, passando por cima de seus costumes, desrespeitando uma civilização. Inclusive falou do desrespeito com a planta da coca e seus rituais diante do imperador Inka e que este, comentou da lei do retorno por este gesto, em que a humanidade pagaria um preço. Hoje sabemos que a folha da coca não faz mau, mas quando transformada em cocaina e até no próprio refrigerante em excesso, destrói um homem, uma família, um povo…
Tivemos nossa primeira meditação no Templo se Vênus.
Em Saqsayhuaman – Templo da Deusa Serpente da Sabedoria – Santuário da Kundalini – vimos que ali viveu um povo evoluído e que conhecia muito de arquitetura e engenharia de outras dimensões pelo trabalho realizado com pedras de grandes toneladas. Tomamos alguns pingos de chuvas (a bolsa de água rompeu), mas logo o tempo deu trégua e fomos a uma caverna subterrânea, onde vivemos nosso renascimento.
O terceiro dia foi especial, tanto que as palavras não conseguem descrever o que sentimos em Quilla Rumiyoq – Templo da Pedra da Lua. Fomos iniciados como sacerdotes e sacerdotisas Inkas (talvez só relembramos do que somos). Vestidos de brancos Kuichy nos proporcionou uma marca de fogo em nossos corações. Sempre lembraremos da cachoeira descendo água tranquilamente e de repente ficar mais forte… o condor sobrevoando afirmando que estávamos recebendo as leis espirituais… muita emoção!
Sempre lembraremos dos laboratórios de agricultura de Moray, das salinas dos Maras, do Vale cercado pelo Rio Urubamba e daquela tarde de Paz interior… do entardecer banhados pelos raios divinos e o arco-íris acima de nós…
Ah, o quarto dia! Estava quase em casa, alguns dos meus amigos já tinham se encontrado em Ollantaytambo – o Templo do amor da antiga Lemuria – Templo dos Ventos. Nessa altura da peregrinação você começa observar o ser humano com sua divindade, mas também com suas misérias humanas… Passeamos de trem e chegamos à Águas Calientes, aos pés de Machu Pichu. Aí eu ficaria muito tempo, estava em casa, minha alma sorria… me sentia um pedaço dali.
Pra mim foi o êxtase da viagem. Entrar pelo portal sagrado e saber que estava de volta as terras que numa existência foi tão forte e vidas depois continua dentro de mim, não consegui segurar a emoção: chorei como a filha que retorna o lar…
Fomos à Puno de ônibus, numa viagem que durou quase o dia todo e nesses trajetos aprendemos que está tudo certo, às vezes só precisamos curtir a paisagem… contar postos… ver o mercado negro de Juliaca… o congestionamento do trânsito… os tuki tukis…
Finalmente chegamos ao Lago Titicaca e a Bolívia. Passamos pelo portal Interdimensional de Aramu Muru, onde buscamos o equilíbrio das duas energias: masculina e feminina. Gritar o nosso nome num lugar sagrado como esse é a certeza de que o Criador também está ouvindo onde quer que Ele esteja e quando quer falar individualmente com seus filhos e pelo nosso nome que nos chama, coloca no colo e afaga ou simplesmente a mãe nos acalenta quando deitamos no solo e sentimos sua energia nos acarinhando.
Em Copacabana vivemos momentos de belas contemplações: um por-dó-sol e um nascer como poucas vezes teremos oportunidades; a missa e a novena à São Francisco de Assis, na igreja da Virgem Pretinha de Copacabana.
Chegamos em Pilkokaina – Ilha do Sol e lá passamos por alguns rituais, tiramos fotos pra vermos nossas auras. Ali tive outros “dejavus”. Segundo Kuichy neste local não houve sacrifícios, nem derramamentos de sangue, por isso a energia nesse local é muito pura, muito limpa. Fomos até uma fonte de água, no topo de uma escadaria… mas já tínhamos saciado nossa busca pela fonte de conhecimento – juventude – reconexão…
Em La Paz sentimos a diferença do clima, da energia..,
Terminamos a peregrinação em Tiawanako – um sítio arqueológico – provavelmente um dos mais antigos. Encontramos com o nosso psicológico e com as máscaras que usamos no salão das mais diversas faces… olhamos pra verdadeiras plataformas de aterrissagem de naves e não sabemos porque ou por quem fomos convidados a nos retirar correndo para o ônibus pra não tomarmos nossa segunda chuva durante estes dias. Só entramos no ônibus, o tempo acalmou e tudo voltou ao normal.
À noite tivemos nosso último jantar com direito a certificação pela imersão da viagem, depois de Kuichy nos proporcionar nossa última emoção andando de bondinhos sobre a cidade de La Paz. Uma ponta de saudades e alegrias pelos momentos compartilhados pelos 33 tripulantes dessa maravilhosa aventura. Como nada é por acaso, estavam lá 33 pessoas, 20 casados e 13 solteiros, para nós místicos a ativação da merkabah (nosso corpo de luz) – 13 – 20 – 33 ativar!
Impossível não ouvir Kuichy contando-nos sua última história no aeroporto e não querer ficar um pouco mais com o pai, já que um guia torna-se parte da família e se ele for xamã então, abre todos os portais que não conseguimos.
Retornamos ao Brasil inebriados não pela coca, mas pelas vivências místicas, pelas amizades partilhadas, pelo encontro de almas, pela realização de um sonho e um propósito planejado mesmo antes de reencarnarmos na Terra. Ficaram na memória as paisagens, os hotéis, as comidas, as pessoas, os templos, o solo, o sal, a água, o por-do-sol e o nascer, o arco-íris…
Gratidão a todos que participaram, em especial a nossa focalizadora Maria Luiza Raymundi Carlini, que com muito carinho, excelente desempenho foi mais que uma grande guia, intermediária entre os peregrinos, turistas, agentes de viagens e os que estiveram na retaguarda torcendo e enviando energia e Luz pra que estivéssemos peregrinando e levando todos que amamos juntos no coração!
Iniciação Inka